O Norte deve ser a única região que conseguirá, ainda este ano, superar de vez os estragos provocados pela crise. Ao fim de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) da região estará 0,6% maior do que o observado em 2014, último ano em que a economia do Brasil cresceu antes do começo do período recessivo. As informações foram publicadas no G1.
Os dados são de um estudo da consultoria Tendências. O levantamento mostra que, além da recuperação mais rápida do Norte, há uma disparidade significativa no desempenho entre as regiões.
O estudo cita a Zona Fanca de Manaus e diz que o modelo costuma acompanhar os ciclos econômicos e tem se beneficiado da volta da retomada – ainda que bastante modesta – da economia brasileira.
Recentemente, o país se viu em uma polêmica envolvendo a Zona Franca de Manaus. No fim de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou um incentivo tributário para as companhias que compram produtos da região. A decisão reconheceu o direito de contribuintes de obter créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Com a decisão, o crédito gerado na venda de insumos pode ser usado pelo contribuinte para abater outros tributos, como o Imposto de Renda. O governo estima um impacto de R$ 16 bilhões para as contas públicas.
“Entre 2017 e 2018, o Norte foi destaque por conta da indústria extrativa e também da recuperação dos setores fortemente impactados pela crise, concentrados na Zona Franca de Manaus”, aponta a economista da Tendências e responsável pelo levantamento, Camila Saito.
A economia do Nordeste, por exemplo, é a que tem apresentado a menor força de recuperação – o PIB nordestino estará quase 5% inferior ao patamar de 2014 no fim deste ano. Sudeste e Sul ainda terão queda acumulada de 3,8% e 1%, respectivamente.
Por fim, o Centro-Oeste caminha para superar os efeitos da crise, mas a economia da região ainda será 0,1% menor do que a apurada em 2014.
Quando se analisa a economia brasileira de forma geral, o PIB do país deve encerrar o ano 2,7% abaixo do patamar anterior ao início da crise.
Durante o período de recessão enfrentado pelo Brasil, a economia do Norte chegou a recuar 4,6% em 2016. A região foi fortemente afetada pelo fraco desempenho do setor de eletroeletrônico e pela restrição das contas públicas dos estados – no Norte, 31,9% dos ocupados estão no setor público, segundo a Tendências. Portanto, o desempenho de municípios e governos estaduais tem papel fundamental na dinâmica da atividade local. Como comparação, na média do país, 20,7% dos ocupados estão no setor público.
São vários os fatores que beneficiam a região Norte, de acordo com o levantamento: no Pará, houve a maturação de projetos de mineração, o que ajuda a dinamizar a região; houve a retomada da Zona Franca de Manaus; e a região vem se tornando uma área de fronteira agrícola, a agropecuária dá sinais de força.
Em Carajás, no Pará, o complexo de mineração S11D da Vale – batizado de Eliezer Batista – começou a operar há quase dois anos. Ele pode produzir até 90 milhões de toneladas e já opera com 70% da capacidade. No segundo semestre de 2018, a produção na região superou o volume produzido em conjunto pelos sistemas Sudeste e Sul da companhia.