Uma audiência motivada por um pedido de liminar com fixação de alimentos provisórios acabou se transformando numa reconciliação com pedido de novo casamento, entre um casal que havia passado por um processo de divórcio litigioso. O fato aconteceu na última terça-feira (2), durante uma audiência de conciliação realizada na 3ª Vara do Fórum de Justiça “Dr. José Ribeiro de Mendonça”, na Comarca de Itacoatiara (a quilômetros de Manaus). As informações são do Tribunal de Justiça do Amazonas.
No decorrer da audiência, enquanto buscava conduzir o casal a um acordo em torno da fixação da pensão alimentícia para os filhos, o juiz Rafael Almeida Cró Brito percebeu a troca de olhares e o carinho entre Helder Amazonas e Maiza Barros Brito, que figuravam como partes do processo. Ele decidiu, então, suspender a audiência e passou a conversar com os dois sobre as dificuldades que levaram ao fim do relacionamento e à opção pelo divórcio.
Com a evolução do diálogo, em lugar de dizer a forma de pagamento da pensão alimentícia, o requerido na ação, Helder Junho Amazonas dos Santos, surpreendeu com outra declaração. “Para minha surpresa, os dois declararam que se amavam muito e estavam arrependidos do divórcio, que ocorrera em outra Vara. Ele estava com a aliança na mochila e pediu a ex-esposa em casamento novamente. Ela prontamente aceitou”, conta o juiz Rafael Cró.
O casal tem dois filhos, havia se divorciado litigiosamente em novembro de 2018 e passou a se desentender sobre a pensão alimentícia dos filhos. “Passamos três meses sem nos falar desde o divórcio. Mas o sentimento é mais forte. Namoramos desde que eu tinha 14 anos e ela 13 anos, na escola. Estudamos juntos, passamos em concurso juntos, casamos, fizemos uma casa e tivemos filhos. Construímos tudo isso juntos e nada deveria nos separar”, relata o marido.
Os 18 anos de história do casal de professores fez diferença e Helder Amazonas e Maiza Brito vinham mantendo diálogo desde o mês de janeiro para a retomada do casamento. Ao mesmo tempo, estavam preocupados com a aproximação do dia de ir à Justiça, com a “reação” do juiz durante a audiência e se teriam direito de voltar atrás na decisão.
“Esperávamos encontrar um juiz carrancudo, diferente, que não nos deixasse falar”, explica. Para Helder, a forma como foram tratados e a sensibilidade do juiz Rafael Cró diante da situação surpreendeu o casal. “Estamos muito felizes e podemos dizer que muito do que aconteceu se deve à atitude do juiz. Graças a Deus ele nos deu oportunidade de nos expressar e isso fez toda a diferença no rumo dos acontecimentos”, explica Amazonas. Segundo ele, o magistrado deixou o ambiente agradável, muito diferente do que o casal estava esperando. “Tivemos um momento da verdade e pudemos dizer que não era aquilo que a gente queria. Eu estava com a aliança na minha carteira e fiz minha declaração à Maiza pedindo que case novamente comigo”, conta Helder Amazonas.
Caso semelhante
Em novembro de 2017, durante audiência na Vara Única da Comarca do Careiro (distante 88 quilômetros da capital), realizada como parte das atividades da Semana Nacional de Conciliação, um casal que também discutia a pensão alimentícia do filho recém-nascido optou por reatar a relação. Eles haviam se separado após uma convivência de seis anos. Grávida, a requerente resolveu deixar Manaus e mudar-se para o Careiro, onde deu à luz o bebê, que já estava com seis meses à epoca da audiência, conduzida pela juíza Sabrina Cumba Ferreira. Ao comentar o resultado da audiência, a magistrada destacou que o desfecho mostrou que havia faltado uma oportunidade para o casal conversar melhor no período da separação e buscar um entendimento. “Isso aconteceu justamente na sala de audiência e quando fiz a pergunta sobre a possibilidade de acordo entre os dois, o diálogo aconteceu”, destacou a juíza.